OS 10 MELHORES FILMES DE ZUMBI
(primeira parte)
(primeira parte)
É bem provável que "Os 10 melhores filmes de zumbi" esteja entre as 10 listas mais populares de cinema de gênero na internet, mas é inevitável, a infecção zumbi se alastra a cada dia... e, ora, não há nada mais divertido para um fã de zumbi do que fazer sua própria lista. Porém, apesar de prazerosa, a tarefa não é assim tão fácil, como escolher apenas 10 entre tantos filmes que se adora? Que critérios utilizar? Pois bem, decidi listar não apenas os filmes pelos quais sou mais apaixonado, mas também os que acredito terem mais importância para a elaboração do mito zumbi nos cinemas, aqueles que são fundamentais para a identificação dos principais elementos que caracterizam um bom filme de zumbi. Para os filmes que ficaram de fora, só resta incluí-los em uma futura lista dos 20 ou 50 melhores. Contudo, não posso deixar de mencionar pelo menos alguns, que nunca me canso de assistir: Planet terror (Planeta Terror, 2007) – principalmente –, 28 weeks later (Extermínio 2, 2007), Dawn of the Dead (Madrugada dos mortos, 2004), Evil dead 2 (Uma noite alucinante, 1987), Rec (2007), La horde (Legião do mal, 2009), entre outros citados ao longo dos textos.
10. 28 days later, 2002 (Extermínio)
Danny Boyle "ressuscita" os zumbis nesse filme de terror que flerta com o drama. Seguramente o filme desta lista que mais agradaria aos que não são fãs de zumbis ou de filmes de terror em geral, devido a sua estética quase documental, um apuro técnico maior, um ótimo elenco e um desenvolvimento aprofundado e mais verossímil dos personagens e das relações entre os mesmos. Como a relevantíssima questão a respeito de se os monstros aqui apresentados seriam de fato zumbis ou apenas infectados nunca me tirou o sono, coloco este filme como um dos principais responsáveis por renovar o mito zumbi para uma platéia mais contemporânea (juntamente com Rec e o remake de Dawn of the dead), lidando de modo mais sério e próximo da realidade com a possibilidade e consequências de uma infecção "zumbi", e tornando os monstros mais ágeis e ameaçadores. Entre as produções britânicas, deve-se citar igualmente a espetacular série de TV Dead set (2008): a melhor edição já vista do reality show Big Brother (é sério!).
9. White Zombie, 1932 (Zumbi branco)
Simplesmente o primeiro filme de zumbi da história. Entretanto, White Zombie trata de elementos das lendas e da religiosidade do voodoo caribenho, mais especificamente do Haiti, e não dos zumbis canibais mais conhecidos pelo público de hoje. Os zumbis originais eram, portanto, supostos cadáveres reanimados pelas artes de um feiticeiro que podia, então, controlá-los como a um autômato. Bela Lugosi faz aqui o seu segundo papel mais icônico do cinema como o feiticeiro Legendre, com seu impagável olhar hipnótico que tanto intrigou Ed Wood. Sobre os zumbis caribenhos, vale a pena conferir também o excelente The serpent and the rainbow (A maldição dos mortos vivos, 1988), inspirado livremente no livro do botânico Wade Davis, que alega ter descoberto o segredo dos feiticeiros haitianos para "reanimar os cadáveres": uma substância química que fazia com que as vítimas caíssem num estado de morte aparente, sendo, então, enterradas vivas; no momento oportuno, o feiticeiro as desenterrava, ministrava um segundo tipo de droga que as deixava em um estado "zumbificado", o que as tornava facilmente manipuláveis, para, assim, serem conduzidas ao trabalho forçado nas lavouras de cana de açúcar da região.
08. Return of the living dead, 1985 (A volta dos mortos vivos)
Frequentemente encontramos nas listas de "10 melhores filmes de zumbi", "terrires" (terror-comédia) recentes tais como Shaun of the dead (Todo mundo quase morto, 2004), Zombieland (Zumbilândia, 2009) ou ainda Dead snow (Zumbis na neve, 2009), apesar de todos estes filmes serem de fato excelentes, eles devem, e muito, a Return of the living dead. Produzido pelo antigo parceiro de George Romero, John Russo, que havia ficado com os direitos do título "living dead", enquanto o primeiro ficara livre para criar sua própria franquia, o longa teve, no entanto, o seu roteiro, que foi baseado em um romance do próprio Russo, totalmente reescrito pelo diretor Dan O'Bannon, que introduziu o tom de humor negro na história do filme para poder afastá-lo dos filmes de Romero. Há vários momentos icônicos em Return, entre eles: o "interrogatório" de uma zumbi que explica a causa de sua voracidade insaciável e o surgimento do zumbi "de chocolate" (um dos zumbis mais carismáticos já visto no cinema), que acrescentou ao cardápio zumbístico aquela especial predileção por miolos. Entretanto, nenhum desses momentos supera o inesquecível striptease da punk interpretada pela estonteante Linnea Quigley, a zumbi mais sexy de todos os tempos! Uma última observação: nenhum outro filme apresenta zumbis tão imbatíveis como os de Return of the living dead, além de serem bem velozes e ágeis, um tiro na cabeça parece não causar o mínimo dano a eles. Você só pode realmente pará-los ao retalhá-los por completo (ou por meio de uma explosão nuclear).
Dirigido por um dos maiores mestres do terror e do giallo italiano, Lucio Fulci, Zombi 2 recebeu esse título para vender às plateias europeias a ideia de uma continuidade com o Night of the living dead, de Romero (intitulado Zombi na Itália), contudo, as histórias dos dois filmes não possuem uma real conexão, e Zombi 2 não é de fato uma continuação, mas um filme original. O longa apresenta uma volta às origens caribenhas do mito zumbi, fazendo, ao mesmo tempo, um "sincretismo" com o mito do zumbi canibal criado por Romero. Todo fã de zumbi que se preze tem obrigação de conhecer esse título, assim como, na mesma medida, tem obrigação de fazer o exercício de procurar entender a natureza e a proposta exploitation do filme, ou seja, entender que este é um filme B, um filme de baixo orçamento, o que significa que ele possui uma estética que não é tão facilmente apreciável por aqueles que não estão tão habituados ao cinema de gênero (ainda que o mesmo possa ser dito da maioria dos filmes aqui listados). Várias cenas antológicas: um globo ocular perfurado por uma lasca, a fenomenal Auretta Gay se preparando para um mergulho usando apenas um minúsculo biquíni de algodão, o embate entre um tubarão e um zumbi (!), o zumbi caolho levantando da tumba (foto), além de muito sangue, muito gore e ótimas mortes de zumbis – o que mais um fã de zumbi poderia querer?
06. Dèmoni / Demons, 1985 (Demons - Filhos das trevas)
Com roteiro do mestre absoluto do terror e do giallo italiano, Dario Argento, e dirigido por seu protegido, Lamberto Bava, filho do mestre Mario Bava e também apadrinhado por outro grande mestre do horror, Ruggero Deodato, Demòni é, juntamente com Braindead e Evil dead, um dos mais divertidos filmes de zumbis já feitos. Com um trabalho de maquiagem impressionante, o filme também possui uma excelente trilha sonora que vai do heavy metal ao new wave e pós-punk. A semelhança com Braindead e Evil dead também está nos litros jorrados de sangue e de todo tipo de secreções pustulentas, afinal, o medo e o nojo sempre andaram de mãos dadas, e os verdadeiros mestres do terror sempre souberam tirar proveito disso. Os zumbis aqui, como o título já deixa claro, são do tipo possuídos. Há um surpreendentemente bem elaborado jogo metalinguístico, já que a história, que se passa em um cinema em Berlin (a locação foi o clube "Goya"), ocorre durante a exibição justamente de um filme com zumbis demoníacos; o que vai se desenrolando na tela (alguém se fere com uma antiga máscara demoníaca e se torna um zumbi possesso), vai ocorrendo paralelamente no cinema. Ora, é de se imaginar o medo que todo esse jogo metalinguístico deve ter conseguido provocar na platéia que assistiu Dèmoni na tela grande, sobretudo porque, com a "disseminação" da possessão zumbi, os personagens tentam sair do cinema, para logo perceberem, contudo, que estão presos no prédio. A cena em que o segundo "demônio" se manifesta (efeitos criados por Sergio Stivaletti e Rosario Prestopino) é tão boa que chega a lembrar as transformações de lobisomens vistas em An american werewolf in London (1981) e Thriller (1983, ambas de autoria do mestre dos efeitos especiais Rick Baker), e The company of wolves (efeitos de Christopher Tucker e Alan Whibley).
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