O Cavaleiro das Trevas - Parte 1
Com "Batman: o cavaleiro das trevas, parte 1" a DC/Warner consegue finalmente produzir uma animação que dispensa inteiramente o apelo ao público infantil e que consegue ser totalmente fiel ao espírito da obra original. A adaptação da HQ homônima de Frank Miller, Klaus Janson e Lynn Varley consegue comprovar muitas coisas (ainda que muitas delas sejam mais um mérito da HQ do que da própria animação, porém a animação permite que isso seja mostrado a um público maior), entre elas, gostaria de destacar as seguintes: 1) que tanto as HQs quanto as animações podem ser expressões artísticas tão relevantes quanto qualquer outra; 2) que histórias de super-heróis podem conter um nível de profundidade psicológica, filosófica e estética que nos obriga a tratá-las como objetos de reflexão e análise em nada inferiores a outros gêneros narrativos; 3) que o papel de Robin na mitologia de Batman não se resume às tolas discussões a respeito da orientação sexual do homem morcego; 4) e – no momento talvez a coisa mais urgente a ser mostrada – que Christopher Nolan não inventou a roda quando se trata de Batman ou super-heróis de modo geral, que o que ele fez no cinema já havia sido feito há quase trinta anos por Frank Miller, Grant Morrison, Alan Moore, entre outros, e, antes deles, por Dennis O’Neal, Neil Adams, Dick Giordano, etc. Mas há outra coisa que se pode verificar com “O cavaleiro das trevas, parte 1” e que merece um destaque à parte, a saber: que há certas possibilidades narrativas nas HQs que são específicas dessa forma de arte e que não podem ser transpostas para outras mídias; afinal, apesar da qualidade excepcional dessa animação (talvez o único defeito grave seja sua trilha sonora sem nenhum vigor), possivelmente a melhor animação já feita pela DC (o que não é pouco), o produto final ainda é extremamente inferior à HQ, considerada por muitos como uma das três mais importantes de todos os tempos, ao lado de Watchmen e Sandman.
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