segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

THE CABIN IN THE WOODS


The cabin in the woods


Dirigido por Drew Goddard, com produção e roteiro de Joss Whedon (diretor de “Os Vingadores”) em parceria com o próprio Goddard, "The cabin in the woods" é uma das melhores surpresas do começo dessa década. De início, a história aparenta ser só mais um filmeco de terror de quinta saturado de clichês como os que estreiam aos montes todos os anos, mas logo somos brindados como uma história muito criativa e bastante original, regada a muito humor negro e apresentando, na realidade, uma espécie de homenagem-sátira-desconstrução (com caráter talvez até revisionista) dos filmes de terror e de seus melhores clichês. Em “The cabin in the Woods” (e há melhor referência aos clichês do cinema de horror do que esse título?), Joss Whedon demonstra mais uma vez seu talento para narrar histórias do tipo falso-fácil ou falso-simples: a trama se desenvolve de forma tão despretensiosa e agradável que o expectador pode até sentir dificuldade em perceber como ela na verdade brinca com uma infinidade de referências e como ela aflui para uma série de discussões – não tão superficiais como podem aparentar – de filosofia, psicologia e religião, além de fazer um ótimo uso da metalinguagem, oferecer uma interessante reflexão sobre os abusos da mídia atual, do cinismo latente em nossa sociedade, e ainda com uma sempre bem-vinda (e sempre desconcertante) influência de Kafka, e, para fechar com chave de ouro,  um mergulho em Lovecraft. Claro que o filme não é nenhuma obra-prima, mas é uma ótima surpresa, uma ilha nesse mar de falta de criatividade que tem sido o cinema hollywoodiano, e diverte da melhor maneira possível ao fazer refletir de forma leve, sem presunção e ainda conseguindo no meio do caminho provocar uns bons sustos. O único grande defeito que se pode apontar é que o filme acaba também caindo nessa armadilha que tem sido o grande cacoete do cinema Hollywood: o didatismo – poucos momentos antes do (ótimo!) final do filme o expectador é bombardeado por um excesso de explicações simplesmente desnecessárias. Para quê ficar martelando aquilo que o espectador já deveria ter percebido por si só? Até quando, afinal, Hollywood vai continuar chamando o espectador de imbecil? Mas esse desastroso recurso ao “whodunit” que tem sido atualmente tão mal empregado (e que prefiro pensar que, nesse como em muitos outros casos, se deu muito mais por uma imposição de estúdio) não tira de modo algum o mérito do filme que continua sendo excepcional – um novo candidato a cult.

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