Pagando por sexo, Chester Brown
HQ autobiográfica do artista indie canadense Chester Brown. Uma leitura bastante agradável e divertida; a personalidade e o comportamento peculiar de Chester (um dos seus amigos revela em um apêndice que costuma chamá-lo de "robô") rende vários momentos engraçados e, pelo visto, não intencionais. Após começar a se utilizar dos serviços das profissionais do sexo, Chester passa a refletir e a elaborar um ponto de vista bastante crítico em relação ao que ele chama de "amor romântico", que, diferente do que se costuma acreditar, possui data e local de nascimento. Além disso, a HQ também traça uma rica discussão sobre a prostituição, se ela é uma prática indigna e degradante ou tão banal, embora socialmente relevante, quanto várias outras (as comparações entre a prostituição e o trabalho do artista gráfico são ótimas), se ela deve ser descriminalizada, regulamentada, etc. Todas essas reflexões são levantadas, de forma leve e nada maçante, nos momentos em que Chester fala consigo mesmo, nas conversas com seus amigos e amigas ou com as próprias prostitutas, e no rico apêndice ao fim da obra. Algo que a HQ também nos leva a pensar é sobre como, apesar dos pesares, há uma certa “aura”, uma certa “mística” e “glamourização” em torno da vida das profissionais de sexo, são vários os “best-sellers” autobiográficos de ex-prostitutas, mas o mesmo não ocorre com aqueles que recorrem regularmente aos seus serviços, é mesmo possível que eles sejam tão ou mais difamados do que elas.
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