Thief (Profissão: Ladrão), 1981, de Michael Mann, com James Caan.
James Caan considera esse o melhor papel de sua carreira: o que é bem possível. Embora mais marcado pela impetuosidade e violência de seu Sonny em O Poderoso Chefão, Caan tem sua melhor cena em Thief quando seu personagem, Frank, demonstra uma grande fragilidade e vulnerabilidade ao tentar convencer sua namorada a casar-se com ele, numa belíssima cena, com diálogos formidáveis, em que os dois conversam numa lanchonete quase vazia durante uma madrugada após uma calorosa discussão motivada pelo fato dele ter se atrasado para um encontro. Frank revela-lhe o que faz da vida, conta como foram seus dias na prisão e como essa experiência foi crucial para a formação de sua perspectiva de vida. Estreia auspiciosa de Michael Mann nos cinemas, é interessante observar como Thief representa uma transição entre os thrillers dos anos 70 e 80: um dos últimos exemplares dos thrillers autorais e dramáticos dos anos 70 e, em alguns aspectos, um dos primeiros exemplares dos thrillers de ação, mais explosivos, dos 80. Isso também se reflete na excelente trilha sonora da banda Tangerine Dream: uma sonoridade sintetizada que vai marcar os anos 80, mas que é, ao mesmo tempo, herdeira do rock progressivo dos anos 70. O estilo visual do filme é um deslumbre, um neo-noir que de certa forma antecipa elementos do que alguns chamam tech-noir (Exterminador do Futuro). As cenas noturnas chuvosas em que luzes de néon refletem nas calçadas são as mais belas.
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