domingo, 12 de janeiro de 2014

O ano do dragão


O ano do Dragão (Year of the Dragon), 1985, de Michael Cimino.

Do mesmo diretor de "O franco atirador" (The deer hunter, 1978, indicado a 9 oscars e ganhador de 4, incluindo melhor filme e melhor ator coadjuvante para Christopher Walken), “O ano do Dragão” me parece bem mais regular do que o primeiro (que possui um início tão chato quanto o de “Pearl Harbor”). Com Mickey Rourke, então no seu auge, o filme possui muitas similaridades com o excelente “Chuva negra”, 1989, não só pelo embate entre ocidente e oriente, mas por mostrar uma juventude asiática “corrompida” pela influência ocidental buscando tomar o lugar dos mais velhos pelo uso de extrema violência e com total desprezo por antigas tradições; além disso, ambos os filmes trazem algo que sinto falta na maioria dos filmes policiais atuais: o desenvolvimento de uma rixa pessoal entre herói e vilão; o momento em que o vilão “passa dos limites”, forçando o herói a iniciar uma cruzada por vingança.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Piteco - Ingá


A arte de Shiko está deslumbrante, as cores estão lindas, e a história está bem bacana e divertida, bastante aventuresca. Adorei as heroínas, a Thuga e a Ogra, e a importância dada ao papel delas. Muito legal o elemento fantástico na história e a releitura de algumas lendas do nosso folclore. Que bom seria se mais e mais artistas nacionais tivessem seu espaço com trabalhos autorais nas grandes editoras. Ansioso pelos próximos projetos Graphic MSP.

Do Além


Do Além (From Beyond), de Stuart Gordon, 1986.

Pensei que se tratava de uma divertida tranqueira com ótimos efeitos visuais e de maquiagem que retratam metamorfoses e degradações corporais - e é, na verdade, - mas vai "além" disso, com o perdão do trocadilho. É uma adaptação bem acertada do conto de Lovecraft (Stuart Gordon também dirigiu Re-Animator, 1985, uma outra adaptação do pai da moderna literatura de horror). Apesar da produção módica e do desenvolvimento, inicialmente, singelo da trama, o filme (sem o humor de Re-Animator) consegue transmitir bem a atmosfera lovecraftiana e se aprofundar de modo instigante na mitologia criada pelo autor, introduzindo de maneira bem interessante elementos ausentes no conto: a sexualidade e sensualidade, que, quanto mais se ocultam em Lovecraft, mais poderosamente se impõem.

Ryan Gosling em dose dupla


Só Deus perdoa (Only God forgives), de Nicolas Winding Refn.

O lugar onde tudo termina (The Place Beyond the Pines), de Derek Cianfrance.

Cada cena de "Only god forgives" é um quadro pronto para se pendurar na parede. Tudo é ritualizado, cada enquadramento, composição e movimento são "friamente calculados"; tudo vai ficando “em suspenso”, o passo, a fala, o olhar, a respiração (inclusive do expectador) - o tempo, o espaço: é um deslumbre! Mas é um "filme doente", ou seja, um filme que tinha tudo para ser uma obra prima, não fosse algo mais... aquele elemento essencial que pudesse lhe conferir uma "alma". Acabou resultando, para mim, muito mais num exercício estilístico (dos que valem a pena conferir, contudo). O filme teria, ironicamente, muito mais substância e profundidade, “alma”, se o diretor abrisse mão de todo o presunçoso surrealismo que ele tenta canhestramente dar conta e deixasse com quem sabe fazê-lo... com Jodorowsky, por exemplo, a quem ele dedica o filme. 

O lugar onde tudo termina é um dramalhão, só que dos bons. Gostei do começo, mas fiquei fulo com o meio do filme e parei de ver, porém, por recomendação do meu tio, que adorou o filme, retomei, e, de fato, o filme continua muito bom até o final. 

O ator tailandês Vithaya Pansringarm rouba a cena em Only god forgives.

Vale lembrar que Ryan Gosling já havia trabalhado tanto com Nicolas Winding Refn, em Drive, que acho bacana, quanto com Derek Cianfrance, em Blue Valentine, que ainda não tive muito interesse de ver porque me parece uma chatice sem tamanho, ainda mais pelo título no Brasil: Namorados para sempre, embora seja um filme bem cotado.

Inimigos




Inferno no Pacífico (Hell in the Pacific), 1968, de John Boorman, com Lee Marvin e Toshirô Mifune.


Inimigo Meu (Enemy Mine), 1985, de Wolfgang Petersen, com Dennis Quaid e Louis Gossett Jr.

Dois filmaços que narram praticamente a mesma história. Há quem diga que Inimigo meu é um “rip-off” de Inferno no Pacífico, a inspiração pelo menos me parece clara, com a grande diferença, porém, de que este último possui um tom muito mais sombrio e amargo, com uma edição com cortes abruptos que deixa o espectador ainda mais desamparado, principalmente quando o final brusco e inclemente chega. Duas obras magistrais que nos fazem refletir de maneira formidável sobre as noções de “amigo” e “inimigo”, de “próximo” e “estrangeiro”.

Obs.: Inferno no Pacífico possui um final alternativo lançado em dvd. O final ao qual me referi é o original de cinema, que acho bem mais impactante, justamente por seu caráter mais ambíguo.

Noah


Primeiro número de Noah, graphic novel que Darren Aronofsky escreveu (com desenhos de Ari Handel) meio que para vender sua ideia do filme Noé para os estúdios. 
Achei esse primeiro número (serão 4) bem legal, fiquei surpreso na verdade: pelo trailer do filme, não pensei que as liberdades que Aronofsky pudesse vir a tomar com relação ao livro de Gênesis fossem dignas de qualquer polêmica, mas, se o que está na hq for mesmo adaptado para as telas, então, realmente, a indignação de alguns segmentos religiosos para com o filme tem lá seus motivos para dizer o mínimo. Pelo visto, as teorias de Erich von Däniken vão continuar influenciando o cinema - e eu acho isso ótimo porque fica bastante divertido quando bem feito! Fiquei muito mais empolgado para ver o filme!
No geral, gostei da arte de Ari Handel, entretanto, algumas vezes, parece que ele desenhou com muita pressa. Achei curioso que o firmamento que ele desenha parece pertencer a um outro planeta, não sei se a intenção é justamente essa, ou se ele precisava pesquisar um pouquinho de astronomia. O cenário da hq me remeteu muito a Conan, o que é bem bacana.

Bare behind bars



Quem diria que um dos melhores WiPs (women in prision) já feitos é brasileiro?!
Bare behind bars (A Prisão, 1980) é um produto de exportação feito sob medida (na Boca do Lixo) para o mercado grindhouse norte-americano (a única cópia que encontrei está dublada em inglês). O filme tem tudo o que o subgênero exige: lesbianismo, tortura, humilhação, crueldade, banhos coletivos, catfights, tentativas de fuga e muita violência; uma diretora sádica, carcereiras abusivas, uma enfermeira ninfomaníaca e uma boa dose de sexo explícito fecham o pacote. Os atos cometidos pelas três protagonistas após a fuga provam como o cinema apelativo consegue ser transgressor como nenhum outro.